quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Euchloe tagis (borboleta tipo Piedade)

Ilustração original de Euchloe tagis publicada por Jacob Hübner na obra “Sammlung europäischer Schmetterlinge” (1796-1805) onde descreve a nova espécie para a ciência (pl. 110 figs. 565-566; © www.biodiversitylibrary.org).

Euchloe tagis, ilustração de Jacob Hübner, 1804.
Imagem: tagis


Os exemplares foram capturados pelo conde alemão Johan Centurius von Hoffmannsegg (entre 1797 e 1801) em "Piedade near Lisboa”, o que explica o nome específico de tagis, que significa em latim "relativo ao Tejo". (1)

Euchloe tagis, ilustração de Jacob Hübner, 1804.
Imagem: tagis

Esper (1805), para além de uma descrição extensa da espécie, publicou interessantes detalhes sobre o local onde foi encontrada, período de voo, flores onde se alimenta, etc. Destes detalhes destaco os seguintes:

Encontra-se na margem esquerda do Tejo, em frente a Lisboa, nos campos arenosos mas floridos, por entre as vinhas atrás de Almada, Casilhas [SIC] e Piedade.

Esboço do terreno da margem esquerda do Tejo, extendendo-se de Almada à Trafaria, entrincheirado como posição militar, cf. Journals of sieges carried on by the army under the Duke of Wellington, 1811-1814.
(Assinalam-se também o Vale de Mourelos interseptado por vedações e os esteiros no lugar da Piedade)
Imagem: Internet Archive

O período de voo começa em Fevereiro e prolonga-se até ao princípio de Abril


Planta do terreno desde Cacilhas até a costa a Oeste, e Sud'oeste da Trafaria, com a linha fortificada sobre esse mesmo terreno/levantada por Manoel Joaquim Brandão de Souza Sargento Mór do Real Corpo de Engenheiros, às ordens do Tenente Coronel Fletcher dos Reaes Engenheiros Bretanicos; copiado no Real Archivo Militar em Março de 1813 (detalhe).
Imagem: Apontamentos sobre a descoberta da borboleta Euchloe tagis...

Na região de Lisboa, tal como na margem direita do Tejo, onde a P. Belia [Euchloe crameri] e a Belemia são frequentes, nunca foi vista [...]

Planta do terreno desde Cacilhas até a costa a Oeste, e Sud'oeste da Trafaria, com a linha fortificada sobre esse mesmo terreno/levantada por Manoel Joaquim Brandão de Souza Sargento Mór do Real Corpo de Engenheiros, às ordens do Tenente Coronel Fletcher dos Reaes Engenheiros Bretanicos; copiado no Real Archivo Militar em Março de 1813 (detalhe).
Imagem: Apontamentos sobre a descoberta da borboleta Euchloe tagis...

Zerkowitz (1946), listou as localidades então conhecidas da distribuição da E. tagis, incluindo a "Piedade near Lisbon (type locality)" [Na bibliografia a que tive acesso este é o único registo que indica a “localidade tipo” da espécie] ... (2)


(1) tagis, Centro de Conservação das Borboletas de portugal
(2) Santos Carvalho, Apontamentos sobre a descoberta da borboleta Euchloe tagis...

Mais informação:
Bibliography for Euchloe tagis (Biodiversity Heritage Library)

sábado, 20 de janeiro de 2018

Criada para todo serviço no Teatro Desmontável

Almada, "Teatro Desmontável" do grupo de teatro de Rafael de Oliveira apresenta peça de comédia "Criada para todo serviço" de Vasco Morgado com interpretações de Laura Alves, Assis Pacheco, Alma Flora, Maria Dulce e Artur Semedo.

Cartazes com Laura Alves e Assis Pacheco junto às viaturas dos Bombeiros Voluntários de Cacilhas em 1962.
Imagem: Bombeiros Voluntários de Cacilhas no Facebook

"Durante o dia, os bilhetes encontram-se à venda na bilheteira da porta do palco" (1)

O "Teatro Desmontável" em 1962, instalado na zona da actual Praça de S. João Baptista em Almada.
Imagem: RTP Arquivos

A criada de "Criada Para Todo o Serviço" é muito especial.

Anúncio da peça "Criada para todo serviço" no "Teatro Desmontável", Almada, 1962.
Imagem: RTP Arquivos

Além de assegurar as limpezas, tem visões e é por esta capacidade especial que é contratada pela dona da casa, uma advogada que nunca fez nada na vida e que está mais interessada naquilo que a criada consegue ver dos seus convidados, do que praticamente nos seus dotes domésticos [...] (2)

Cena da peça "Criada para todo serviço" no "Teatro Desmontável", Almada, 1962.
Imagem: RTP Arquivos

Comédia "Criada para todo Serviço", de Barillet & Grédy, adaptada por José Andrade. Encenação de Manuel Santos Carvalho e cenografia de Pinto de Campos. 

A actriz Laura Alves no camarim do "Teatro Desmontável", Almada, 1962.
Imagem: RTP Arquivos

Interpretações de Laura Alves, Assis Pacheco, Maria Dulce, Maria Paula, Alma Flora e Artur Semedo. 

O público na peça "Criada para todo serviço" no "Teatro Desmontável", Almada, 1962.
Imagem: RTP Arquivos

Uma produção de Vasco Morgado no Teatro Monumental em 1961. (3)


(1) Noticiário Nacional, RTP Arquivos, 1962
(2) Diário de Notícias (Funchal)
(3) MatrizNet

Informação relacionada:
A companhia de Rafael de Oliveira, Artistas Associados
Companhia Rafael d’Oliveira, Artistas Associados (Instituto Camões)
Opsis (base iconográfica do teatro em Portugal)

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Frei Luiz de Souza

DRAMA

Apresentado pela primeira vez em Lisboa, por uma sociedade particular, o teatro da quinta do Pinheiro em 4 de Julho de 1843.

Lugar da scena — Almada

Casa da Cerca em Almada.
Imagem: Geni

ACTO PRIMEIRO

Camera antiga, ornada com todo o luxo e caprichosa elegancia portugueza dos principios do seculo dezasette: porcelanas, xarões, sedas, flores, etc. No fundo duas grandes janellas rasgadas, dando para um eirado que olha sôbre o Tejo e de donde se ve toda Lisboa:

entre as janellas o retratto, em corpo inteiro, de um cavalleiro môço vestido de preto com a cruz branca de noviço de S. João de Jerusalem.

Defronte e para a bôcca da scena um bufete pequeno coberto de ricco panno de velludo verde franjado de prata; sôbre o bufete alguns livros, obras de tapeçaria meias-feitas, e um vaso da China de collo alto, com flores.

Algumas cadeiras antigas, tamboretes razos, contadores. Da direita do espectador, porta de communicação para o interior da casa, outra da esquerda para o exterior.

É no fim da tarde [...]

Chegada do D Filipe II de Portugal a Lisboa para uma viagem no Reino de Portugal,
Gravura Ioam Schorquens, segundo Domingos Vieira Serrão, 1619.
Imagem: Wikimedia

Magdalena so, sentada junto á banca, os pés sôbre uma grande almofada, um livro aberto no regaço, e as mãos cruzadas sôbre elle, como quem descahiu da leitura na meditação.

MAGDALENA, repettindo machinalmente e de vagar o que acaba de ler

"N'aquelle ingano d'alma ledo e cego
Que a fortuna não deixa durar muito..." [...]

TELMO

Desgraçada! Porquê? não sois feliz na companhia do homem que amaes, nos braços do homem a quem sempre quizestes mais sôbre todos?

Que o pobre de meu amo... respeito, devoção, lealdade, tudo lhe tivestes, como tam nobre e honrada senhora que sois... mas amor! [...]

MAGDALENA

Ora pois, ide, ide ver o que ella faz: (levantando-se) que não esteja a ler ainda, a estudar sempre. (Telmo vae a sahir) E olhae: chegae-me depois alli a San'Paulo, ou mandae, se não podeis...

Almada, Seminário [antigo Convento Dominicano de S. Paulo], ed. J. Lemos, 3, década de 1950.
Imagem:

TELMO

Ao convento dos Dominicos? Pois não posso!... quatro passadas.

MAGDALENA

E dizei a meu cunhado, a Frei Jorge Coutinho, que me está dando cuidado a demora de meu marido em Lisboa; que me prometteu de vir antes de véspera, e não veiu; que é quasi noite, e que ja não estou contente com a tardança. 

(Chega á varanda, e olha para o rio) O ar está sereno, o mar tam quieto, e a tarde tam linda!... quasi que não ha vento, é uma viração que affaga... Oh e quantas faluas navegando tam garridas por esse Tejo! Talvez n'alguma d'ellas — n' aquella tam bonita — venha Manuel de Sousa.

Mas n'este tempo não ha que fiar no Tejo, d'um instante para o outro levanta-se uma nortada... e então aqui o pontal de Cacilhas!

Que elle é tam bom mareante... Ora, um cavalleiro de Malta! (olha para o retratto com amor) Não é isso o que me dá maior cuidado. Mas em Lisboa ainda ha peste, ainda não estão limpos os ares... E ess'outros ares que por ahi correm d'estas alterações públicas, d'estas malquerenças entre castelhanos e portuguezes! Aquelle character inflexivel de Manuel de Sousa traz-me n'um susto contínuo.

Vai, vai a Frei Jorge, que diga se sabe alguma coisa, que me assocegue, se podér.[...]

JORGE, alto

Mas emfim, resolveram sahir: e sabereis mais que, para côrte e "buen-retiro" dos nossos cinco reis, os senhores governadores de Portugal por D. Filippe de Castella que Deus guarde, foi escolhida ésta nossa boa villa d'Almada, que o deveu á fama de suas aguas sadias, ares lavados e graciosa vista.

Boca de Vento, estrada da Fonte da Pipa, junto à altura da Casa da Cerca.
Vista de Lisboa tomada da margem esquerda do Tejo, Joseph Fortuné Séraphin Layraud, 1874.
Imagem: Musée Saint-Loup, Troyes, no flickr

MAGDALENA

Deixá-los vir.

JORGE

Assim é: que remedio! Mas ouvi o resto. O nosso pobre convento de San'Paulo tem de hospedar o senhor arcebispo D. Miguel de Castro, presidente do govêrno.

Bom prelado é elle; e, se não fosse que nos tira do humilde socêgo de nossa vida, por vir como senhor e principe secular... o mais, paciencia. Peior é o vosso caso...

MAGDALENA

O meu!

JORGE

O vosso e de Manuel de Sousa: porque os outros quatro governadores — e aqui está o que me mandaram dizer em muito segrêdo de Lisboa — dizem que querem vir para ésta casa, e pôr aqui aposentadoria. [...]

ACTO SEGUNDO

É no palacio que fôra de D. João de Portugal, em Almada: salão antigo de gôsto melancholico e pesado, com grandes retrattos de familia, muitos de corpo inteiro, bispos, donnas, cavalleiros, monges; estão em logar mais conspicuo, no fundo, o d'elrei D, Sebastião, o de Camões e o de D. João de Portugal.

Frei Luis de Sousa pelo Grupo Boa Vontade,na década de 1950.
Imagem: O Cine Teatro de Moçâmedes (Namibe)

Portas do lado direito para o exterior, do esquerdo para o interior, cobertas de reposteiros com as armas dos condes de Vimioso. 

São as antigas da casa de Bragança, uma aspa vermelha sôbre campo de prata com cinco escudos do reino, um no meio e os quatro nos quatros extremos da aspa; em cada braço e entre os dois escudos uma cruz floreteada, tudo do modo que trazem actualmente os duques de Cadaval; sôbre o escudo coroa de conde.

No fundo um reposteiro muito maior e com as mesmas armas cobre as portadas da tribuna que deita sôbre a capella da Senhora da Piedade na egreja de San'Paulo dos dominicos d'Almada.

TELMO

Menina!...

MARIA

"Menina e môça me levaram de casa de meu pae:" é o principio d'aquelle livro tam bonito que minha mãe diz que não intende: intendo-o eu.

Mas aqui não ha menina nem môça; e vós, senhor Telmo-Paes, meu fiel escudeiro, "faredes o que mandado vos é."

E não me repliques, que então altercâmos, faz-se bulha, e acorda minha mãe, que é o que eu não quero. Coitada! Ha oito dias que aqui estamos n'esta casa, e é a primeira noite que dorme com socêgo. 

Aquelle palacio a arder, aquelle povo a gritar, o rebate dos sinos, aquella scena toda... oh! tam grandiosa e sublime, que a mim me encheu de maravilha, que foi um espectaculo como nunca vi outro de egual majestade!... á minha pobre mãe atterrou-a, não se lhe tira dos olhos: vai a fechá-los para dormir, e diz que ve aquellas chammas innoveladas em fummo a rodear-lhe a casa, a crescer para o ar, e a devorar tudo com furia infernal [...]

No fundo, porta que dá para as officinas e aposentos que occupam o resto dos baixos do palacio. É alta noite [...] (1)


O retratto de meu pae, aquelle do quarto de lavor tam seu favorito, em que elle estava tam gentil homem, vestido de cavalleiro de Malta com a sua cruz branca no peito--aquelle retratto não se póde consolar de que lh'o não salvassem, que se queimásse alli. [...]

TELMO

Sim é: Deus o defenda!

MARIA

Deus o defenda! amen. E elles, os tyrannos governadores ainda estarão muito contra meu pae? Ja soubeste hoje alguma coisa, das diligências do tio Frei Jorge? 

TELMO

Ja, sim. Vão-se desvanecendo — ainda bem!— os agouros de vossa mãe... hãode sahir falsos de todo. O arcebispo, o conde de Sabugal, e os outros, ja vosso tio os trouxe á razão, ja os moderou. Miguel de Moura é que ainda está renitente; mas hade-lhe passar. Por estes dias fica tudo socegado. Ja o estava se elle quizesse dizer que o fogo tinha pegado por acaso. Mas ainda bem que o não quiz fazer; era desculpar com a villania de uma mentira o generoso crime por que o perseguem. 


MARIA

Meu nobre pae! Mas quando hade elle sahir d'aquelle omizio? Passar os dias retirado n'essa quinta tam triste d'além do Alfeite, e não podêr vir aqui senão de noite, por instantes, e Deus sabe com que perigo! [...]

MAGDALENA

E o que eu podér fazer-vos, todo o amparo e gasalhado que podér dar-vos, contae commigo, bom velho, e com meu marido, que hade folgar de vos proteger...

ROMEIRO

Eu ja vos pedi alguma coisa, senhora?

MAGDALENA

Pois perdoae, se vos offendi, amigo.

ROMEIRO

Não ha offensa verdadeira senão as que se fazem a Deus.--Pedi-lhe vós perdão a Elle, que vos não faltará de quê. [...]

MAGDALENA, aterrada

E quem vos mandou, homem?

ROMEIRO

Um homem foi, e um honrado homem... a quem unicamente devi a liberdade... a _ninguem_ mais. Jurei fazer-lhe a vontade, e vim.

MAGDALENA

Como se chama?

ROMEIRO

O seu nome nem o da sua gente nunca o disse a ninguem no captiveiro.

MAGDALENA

Mas emfim, dizei vós...

ROMEIRO

As suas palavras, trago-as escriptas no coração com as lagrymas de sangue que lhe vi chorar, que muitas vezes me cahiram n'estas mãos, que me correram por éstas faces. Ninguem o consolava senão eu... e Deus! Vêde se me esqueceriam as suas palavras. [...]

Almada — Interior da Egreja do Convento de S. Paulo, 1897.
Imagem: Hemeroteca Digital

JORGE

Se o vireis... ainda que fôra n'outros trajes... com menos annos — pintado, digamos — conhece-lo-heis?

ROMEIRO

Como se me visse a mim mesmo n'um espelho.

JORGE

Procurae n'estes retrattos, e dizei-me se algum d'elles póde ser.

ROMEIRO, sem procurar, e apontando logo para o retratto de D. João

É aquelle.

D. João de Portugal de Miguel Angelo Lupi, inspirado em Almeida Garrett.
Frei Luís de Sousa (cena XIV do 2° acto)
Imagem: MNAC

MAGDALENA, com um grito espantoso

Minha filha, minha filha, minha filha!... (em tom cavo e profundo) Estou... estás... perdidas, deshonradas... infames! (Com outro grito do coração) Oh minha filha, minha filha!... (Foge espavorida e n'este gritar.) [...]

ACTO TERCEIRO

Cena da peça Frei Luís de Sousa, no teatro Príncipe Real (posteriormente Teatro Apolo), 1909.
Imagem: Arquivo Municipal de Lisboa

Parte baixa ao palacio de D. João de Portugal, communicando, pela porta á esquerda do espectador, com a capella da Senhora-da-Piedade na egreja de San'Paulo dos Dominicos d'Almada:

é um casarão vasto sem ornato algum.

Arrumadas ás paredes, em diversos pontos, escadas, tocheiras, cruzes, ciriaes e outras alfaias e guizamentos d'egreja de uso conhecido. A um lado um esquife dos que usam as confrarias; do outro uma grande cruz negra de tábua com o letreiro J.N.R.J., e toalha pendente, como se usa nas cerimonias da semana-sancta. 

Mais para a scena uma banca velha com dois ou tres tamboretes; a um lado uma tocheira baixa com tocha accesa e ja bastante gasta; sôbre a mesa um castiçal de chumbo, de credencia, baixo e com vela accesa tambem, e um hábito completo de religioso dominico, tunica, escapulario, rosario, cinto, etc. [...] (1)


(1) Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, Porto, Livraria Chardron

Artigos relacionados:
Manuel de Sousa Coutinho
Convento Dominicano de São Paulo de Almada
Embrechados (4 de 5)

Informação adicional:
Visita conventual ao Seminário Maior de Almada

domingo, 7 de janeiro de 2018

Marina Neves (1943-1965)

Marina Neves, nome artístico de Maria de Lourdes Nogueira Neves, nasceu em Lisboa a 25 de Março de 1943, foi cantora e atriz. 

Cova da Piedade Marina Neves (1963-1945).
Decca Records: Noivado, Lado a lado (A); Gosto de você meu bem, Aventura (B).
Imagem: Discos de Vinil Repetidos

Trabalhou na Emissora Nacional. A sua grande, mas curta atividade como cantora levou-a a todo o país e também a Espanha, atuou também em África (Angola e Moçambique). 

Na televisão atua essencialmente em programas de variedades, descoberta por Melo Pereira, que a leva para a RTP.  (1)

Sempre acompanhado de diversas imagens antológicas provenientes do Arquivo da RTP, há ainda lugar neste episódio para recordar três vozes que nos abandonaram precocemente: Maria Marize e Marina Neves, recordadas por Artur Garcia, e Mirene Cardinalli [ver episódio]. (2)

Como atriz, fez o filme "Uma Hora de Amor" ao lado de António Calvário. (3)


Foi uma actriz, conhecida por Uma Hora de Amor (1964) [v. abaixo], Melodias de Sempre (1960) e A TV Através dos Tempos (1964)

Faleceu em 1965. (4)

Tendo-se iniciado no Centro de Preparação dos Artistas da Rádio, no inicio dos anos 60, tornou-se particularmente notada, quando a editora Alvorada, resolveu em 1964 editar as canções do Festival desse ano, por vozes diferentes das dos criadores.

Marina Neves foi escolhida para cantar Olhos nos Olhos, e fê-lo numa colagem tão precisa à versão original de Simone de Oliveira, que foi com um misto de surpresa e de crítica que foi recebida a sua interpretação. A polémica daí resultante foi quanto bastou para que se tornasse de imediato uma cantora requisitada.


Marina Neves, jovem muito bonita e bastante simpática, tornou-se figura indispensável dos Serões para Trabalhadores , tendo feito sucesso nesses e em todos os outros espectáculos em que participou.

A sua voz e expressividade em palco tinha potencialidades que infelizmente não pode desenvolver.

Uma doença oncológica, poucos meses depois, afastá-la-ía dos palcos e tirar-lhe-ia a vida.


As canções que deixou gravadas testemunham a sua qualidade vocal, apesar de, no entanto, estarem muito aquém do que ela merecia. A sua morte, prematura, com pouco mais de 20 anos provocou na altura, uma verdadeira comoção nacional.

Tal como sempre acontece, tão forte foi a comoção, quão rápido foi o esquecimento. (5)


(1) Palco a Quem Merece
(2) Estranha Forma de Vida - Uma História da Música Popular Portuguesa (episódio 7)
(3) Palco a Quem Merece
(4) IMDB
(5) in-senso: Mirene e Marina

Mais informação:
Revista Plateia n° 489, 5 de novembro de 1974:
Marina Neves, homenagem póstuma na Cova da Piedade

Estranha Forma de Vida - Uma História da Música Popular Portuguesa (RTP Play)